RCFL, um modelo a ser pensado para o Brasil.

Por Rodrigo Antão*


Nos EUA há um modelo de laboratórios integrados para prestação de serviços forenses. Este modelo foi criado para unificar metodologias e ferramentas de investigação digital. Os profissionais dos Regional Computer Forensic Laboratories (RCFL) reúnem a experiência de órgãos municipais, estaduais e federais. Cada unidade do RCFL conta com aproximadamente 15 profissionais: 12 são peritos e 3, funcionários administrativos.

Dentre as atividades do RCFL,destacam-se:

1. Busca e apreensão de evidências digitais em cenas de crime
2. Análise imparcial de evidências armazenadas em meios digitais
3. Testemunho em juízo, quando necessário
4. Compromisso com a educação continuada dos profissionais envolvidos no programa

O time do RCFL está preparado para atender a investigação de crimes de terrorismo, pedofilia, violência contra a pessoa, crimes de colarinho branco, crimes eletrônicos, investigação de fraudes etc.

Atualmente estes laboratórios de investigação forense digital estão disponíveis para 4.000 - isso mesmo, quatro mil - agências de aplicação da lei em 17 estados dos EUA.



Dentre os resultados apresentados em 2009 o RCFL alcançou os seguintes números:

- Recebeu 5.616 requisições de serviço de 689 agências de aplicação da lei.
- Conduziu 6.016 exames de forense computacional.
- Treinou 5.404 pessoas.
- Participou de 415 operações de rua.
- Examinadores do RCFL serviram como testemunhas em juízo 92 vezes.

Além de investir na concentração desses serviços especializados nos RCFLs, em 2002 o FBI criou o National Program Office (NPO) para gerenciar as operações dos RCFLs e facilitar a criação de novos centros. Este escritório central de gerenciamento cuida também da manutenção das normas, processos e procedimentos a serem utilizadas por todos os laboratórios.

Além das atividades de gestão, que estão sob tutela do NPO, também é de responsabilidade do escritório central:

- Motivar a cooperação entre agências de aplicação da lei, setor privado, academia e agências de governo, servindo como dissiminador de informação entre estas entidades
- Trabalhar com o FBI e outras agências de governo para desenvolver ferramentas de forense digital.
- Desenvolver o currículo de treinamento para peritos e investigadores

A Techbiz Forense Digital trabalha em vários estados do Brasil para montar estruturas deste tipo. Observamos iniciativas que caminham de maneira consistente e uniforme para um modelo parecido com este dos RCFLs.

Num país com dimensões continentais como o Brasil, com tantas prioridades de investimento em segurança pública, à frente de computadores e arsenal de investigação digital, há de se entender porque ainda existem vários estados sem estrutura para atendimento a investigações em meios digitais. Laboratórios nacionais nos moldes dos RCFL podem ser uma iniciativa interessante para acelerar o processo de adoção e padronização tecnológica para forense computacional.

* Sobre Rodrigo Antão
Rodrigo Antão é gerente de negócios da TechBiz Forense Digital e professor do curso de pós-graduação da Faculdade Impacta. Possui mais de dez anos de experiência no mercado de tecnologia, também trabalhando como gerente de produto, gerente técnico e system engineer. É especialista em Segurança da Informação, Computação Forense, Anti-fraude e eDiscovery. É certificado no uso das seguintes tecnologias: ACE (Accessdata Certified Examiner); EnCE (Encase Certified Examiner); MCSA 2000/2003 (Microsoft Certified Systems Administrator); MCSE 2000 (Microsoft Certified Systems Engineer) e MSF Practitioner (Microsoft Solutions Framework Practitioner).

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